segunda-feira, 28 de julho de 2008

O Direito ao Delírio


Que tal começarmos a exercer o direito de sonhar?
Que tal se delirarmos um pouquinho?

No próximo milênio, o ar estará limpo de todo veneno
O televisor deixará de ser
o membro mais importante da família
As pessoas trabalharão para viver,
em vez de viver para trabalhar.

Os economistas não chamarão
nível de vida o nível de consumo,
nem chamarão qualidade de vida
a quantidade de coisas.

Ninguém será considerado herói
ou tolo só porque faz aquilo que
acredita ser justo, em vez de fazer
aquilo que mais lhe convém.

A comida não será uma mercadoria,
nem a comunicação um
negócio, porque comida e comunicação
são direitos humanos.

A educação não será um privilégio
apenas de quem possa pagá-la.
A polícia não será a maldição daqueles
que não podem comprá-la.

A justiça e a liberdade, irmãs
siamesas condenadas a viverem separadas,
voltarão a juntar-se, bem unidas
ombro com ombro.

E os desertos do mundo e os desertos
da alma serão reflorestados.


EDUARDO GALEANO (tradução livre de Rodrigo Espinosa Cabral)

2 comentários:

  1. É lindo isso de Comunicação não ser um negócio, quando estava na faculdade pensava assim. Mas aí me formei e só depois de dois anos, quando caiu a minha ficha de que Comunicação é sim um negócio, é que eu arranjei meu primeiro trabalho freelancer na área e parei de mendigar subemprego.

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  2. Muito bom. Sou fä dele Suzi.

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Como num sarau, quem chega vai sentando entre almofadas, sofás e banquinhos. Traz seu violão ou um petisco, declama a sua poesia, lê seu texto, ouve, e fala.
Vai, então. Agora é a tua vez...

 
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