terça-feira, 13 de maio de 2008

Venho de Tempos Antigos

Deus pode ser a grande noite escura
E de sobremesa
O flambante sorvete de cereja.

Deus? Uma superfície de gelo ancorada no riso.

Venho de tempos antigos.
Nomes extensos:
Vaz Cardoso, Almeida Prado
Dubayelle Hilst... eventos.
Venho de tuas raízes, sopros de ti.
E amo-te lassa agora, sangue, vinho
Taças irreais corroídas de tempo.
Amo-te como se houvesse o mais e o descaminho.
Como se pisássemos em avencas
E elas gritassem, vítimas de nós dois:
Intemporais, veementes.
Amo-te mínima como quem quer MAIS
Como quem tudo adivinha:
Lobo, lua, raposa e ancestrais.
Dize de mim: És minha.

Hilda Hilst in Cadernos de Literatura Brasileira, Instituto Moreira Salles, 1999

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