Deus pode ser a grande noite escura
E de sobremesa
O flambante sorvete de cereja.
Deus? Uma superfície de gelo ancorada no riso.
Venho de tempos antigos.
Nomes extensos:
Vaz Cardoso, Almeida Prado
Dubayelle Hilst... eventos.
Venho de tuas raízes, sopros de ti.
E amo-te lassa agora, sangue, vinho
Taças irreais corroídas de tempo.
Amo-te como se houvesse o mais e o descaminho.
Como se pisássemos em avencas
E elas gritassem, vítimas de nós dois:
Intemporais, veementes.
Amo-te mínima como quem quer MAIS
Como quem tudo adivinha:
Lobo, lua, raposa e ancestrais.
Dize de mim: És minha.
Hilda Hilst in Cadernos de Literatura Brasileira, Instituto Moreira Salles, 1999
terça-feira, 13 de maio de 2008
Venho de Tempos Antigos
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Como num sarau, quem chega vai sentando entre almofadas, sofás e banquinhos. Traz seu violão ou um petisco, declama a sua poesia, lê seu texto, ouve, e fala.
Vai, então. Agora é a tua vez...